domingo, 23 de novembro de 2008

Filosofando em bom português


"Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis
Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça
Ou mereça a moça que você tem..." (Chico Buarque)
Preciso dizer mais alguma coisa????

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Lente Multifocal e Problemas De Coluna

Há um tempão atrás assisti a uma palestra em que um médico alegava que lentes multifocais faziam mal para coluna cervical porque provocavam um constante ajuste da cabeça-pescoço, para assim ajustar o foco...

Não sei bem porque, nesses últimos dias me lembrei disso... Acho que foi depois que surpreendentemente minha ortopedista disse que não tenho mais aqueles antigos desvios de coluna que me atormentavam e até me envergonhavam. Passei a pensar nos diversos “porquês”... sim, achei vários “porquês”.

A Yoga, que para mim representou uma grande possibilidade de equilíbrio mente e corpo, surgiu em um momento de virada crucial. Cada palavra, cada mantra, cada ásana que me via capaz de fazer, proporcionava uma força interna incrivelmente vencedora. Sentia-me crescendo.

Depois de um intervalo para voltar a me sintonizar, voltei para musculação. Nossa, como é bom sentir os músculos se expandindo tal qual minha auto-estima. Passei a sentir a juventude prolongada como uma verdade e uma necessidade. Senti vida!

Mas nada, absolutamente nada teve tanta influência sob minha coluna “retorcida” como a terapia. Sem dúvida nenhuma meu analista fez um trabalho mais refinado e eficiente como nenhum fisioterapeuta fizera até agora. Isso porque ele fez um tratamento de dentro para fora! A cada “questão colocada no lugar”, era como se largasse para trás um pouco do peso que carregava por décadas. Meus medos, aqueles que me aprisionavam no passado e nas inseguranças, foram um a um sendo postos no lugar. Passei a abrir meu peito e os músculos das costas agradeceram pelo alívio. O grito que não saía na garganta não mais insistia em saltar, e simplesmente foi se calando com a calma dos bons ventos do presente. Passei a levantar a cabeça e essa foi se arejando com os ventos que clamavam pelo futuro. Passei a reagir. Surpreendentemente meu corpo ia se erguendo!

Como efeito colateral de tudo isso, veio a felicidade. Mudei meus focos. Não me prendo mais a porções microscópicas do dia-a-dia, muito menos a visões do passado. Ampliei meus horizontes com grande prazer. Acredito que “o que é bom” também foi feito para mim. Tenho muitos motivos para ser feliz e sou.

Hoje me sinto capaz de amar de maneira intensa, na perfeita entrega de quem, antes de tudo, se ama. Amo meu filho, amo meu “namorido”, amo meu trabalho, amo minha família, amo a vida!!! E a cada novo motivo para ser feliz, me vejo mais firme, ereta. Vez por outra me inclino, mas com a sabedoria oriental, observo o bambu... me inclino mas não cedo nunca mais!!!!

Ah! Agora faltam os ombros, eles ainda são tortinhos... mas são “coisas hereditárias”, é peso demais! Mendel explica... hehehe

Bem, se as lentes multifocais fazem mal para cervical eu não sei, mas as mudanças de foco, eu garanto, fazem um enorme bem para coluna!! Fazem um enorme bem para vida!!

Joyce Alves Rocha

sábado, 27 de setembro de 2008

Evoluir ou não?

Acabo de assistir um documentário na tv que fez uma análise social e biológica das diferenças entre homens e mulheres. Muito legal! Corri para escrever...

Bem, ao contrário do que se pensa, não vou falar de nós, mulheres. Isso porque o que mais me chamou atenção não foi o que já se supõe ouvir nesses programas: a espantosa ascensão da mulher ao longo da história evolutiva da espécie humana. Dá para imaginar do que eu estou falando se pararmos para pensar na mulher se libertando da ditadura patriarcal e encarando trabalho, família e sexo com dificuldade, mas com uma incrível maestria e força. Porém, o que me saltou aos olhos foi a análise do papel do homem.

O programa falava das dificuldades que os homens andam enfrentando em se “achar” em meio a uma retirada de seu lugar cativo de dominador-provedor. Eles estão perdidos!!!! Ainda é difícil para a maioria dos homens encarar que as mulheres os querem como parceiros e não como patrões ou pais. E se a emancipação financeira é posta em questão, essa diferença dos novos tempos fica ainda mais evidente e confusa para os homens. Pensar que hoje os homens se vêem mais as voltas com a responsabilidade com os filhos, com as compras do mercado, com as tarefas do lar, com o valor a ser dado à sua parceira por todas as funções que inevitavelmente ela acumula... deve ser difícil entender, aceitar e mudar!!!

Não é por menos, então, que muitos desistam de casamentos ou façam dele um verdadeiro cenário de guerra. Que busquem refúgios nos antigos papéis que lhes eram atribuídos em outros tempos. Que, até para refazerem suas forças, procurem atitudes e comportamentos comuns a seus bisavôs, para que assim se sintam confortavelmente como antes – fortes com o domínio financeiro, entre suas múltiplas parceiras e deixando para Ela a responsabilidade do lar e dos filhos. Mas toda essa “sabotagem” tem seu preço. E nós, ou conseguimos mostrar que ele pode ser “atual” ou desistimos de tentar. E o fim se torna inevitável.

No mais, só me resta parabenizar aos que têem conseguido. Aqueles que, superando tanta dificuldade, mostram que vale a pena deixar a evolução agir, reafirmando que só os mais adaptados sobrevivem e se perpetuam.

Joyce Alves Rocha

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mulher “desocupada”

Mais perigoso que bomba, mais desagradável que coceira, e mais corrosivo que úlcera. Assim é uma mulher “desocupada”.

Pensei nisso hoje quando, devido a uma gripe forte, fiquei de molho em casa ouvindo minha vizinha na maior faxina.

Meu Deus, quanta bobagem passou pela minha cabeça. Pensamentos vazios, aumento de ansiedade, planejamentos sem fundamentos... e isso em poucas horinhas entre um espirro e outro. Imagina dias e dias cuidando de casa e esperando o maridinho chegar!?!?!?!

Fico imaginando que vida levam minhas queridas amigas “do lar”. É uma batalha diária, uma luta sem vitória, uma total falta de brilho. E o “patrão”? Ah! Esse, até que falte alguma coisa ou algo saia mau feito, não dá o menor valor. Ah! E nem paga salário!!!! Eu já tive uma “provinha” disso e afirmo que dói mais do que os músculos no final de um dia de intenso trabalho.

Bem, se eu fosse homem garanto que por uma questão até de estratégia de sobrevivência (minha, dela e do casamento), apoiaria todas as idéias de minha mulher para estudar e trabalhar. Capacitação, especialização, graduação, pós... tudo que ela quisesse. Trabalho remunerado, voluntário, etc. Desde que ela se sentisse apoiada e valorizada valeria qualquer coisa! Digo “estratégia de sobrevivência” porque mulher desocupada gasta mais, cobra mais, aporrinha mais, chora mais, tem mais ciúme, engorda mais, embaranga mais, vê mais novela, aprende menos, ensina menos, se produz menos, evolui menos... ELA fica de menos.

O final de muitas dessas histórias é o camarada se engraçar com uma pirralha, sem nenhuma bagagem, mas com tudo em cima; ou uma colega de trabalho que vive (ao menos lá no trabalho) toda sorridente, de unha feita, cheirosinha, roupinha nova, cheia de “assunto”. Ele pode até não largar a “Maria – dona patroa”, mas os prazeres de estar vivo e eternamente enamorado ele busca em outros caminhos. Afinal, ninguém agüenta uma mulherzinha assim, né? Tu tira a razão dele???? Eu acho que não!!! Por que é tão difícil nós, mulheres, enxergarmos isso?

Está bem, está bem, às vezes dá uma vontade enorme de deixar alguém fazer tudo por mim. Pagar as contas, dirigir, estacionar, educar e brigar com os filhos, chamar o eletricista, subir com as compras, levar o carro no mecânico, etc. Essa vida de mulher moderna caaaaaaansa!!!! Mas definitivamente, o prazer que tenho com a autonomia que conquistei com meu estudo e meu trabalho não é superado por nenhuma recaída de “mulher do século retrasado”.

Joyce Alves Rocha

domingo, 18 de maio de 2008

Liberdade e a opção pela prisão

Incrível é a nossa capacidade de auto-aprisionar!
Nos aprisionamos desde o inicio da vida. Medos mais primitivos são, no primeiro momento, autopreservação, e quando não são vencidos passam a ser barreiras quase que intransponíveis, e não mais cercas a serem puladas quando amadurecemos. Crescemos habituados com nossos preceitos e valores, e, mesmo que esses estejam por vezes deturpados, temos uma dificuldade enorme em nos livrar. Até os dogmas “aprisionantes” entram precocemente em nossa formação, quando anexamos em nossa forma de pensar, um Deus punitivo e vigilante ao qual nos prendemos para que a correção de nosso andar corresponda ao que a sociedade espera de nós.

O tempo passa, e nos alimentamos com a televisão e sua infinidade de ataduras que se agarram em nossas articulações. Quando passamos a temer de forma desmedido o simples fato de andarmos por aí devido à violência apregoada, deixamos de viver, enquanto políticos e bandidos caminham livremente. Quando incorporamos ao nosso vocabulário e/ou discurso expressões e neologismos recebidos de um “Zé-ninguém” da novela das 8, vamos engolindo pouco a pouco as pílulas de água com açúcar menos inofensivas até agora inventadas e utilizadas contra nós mesmos. E por aí vai o hipnótico poder desse aparelho de grades invisíveis para a maioria de nós.

E as prisões não param... Aceitamos quase sem questionar a ditadura da moda, mesmo aquelas que não combinam com nosso perfil físico, financeiro ou psicológico. Aí sim, deixam de importar os conceitos de vulgaridade e adequação, que gritam em nossos ouvidos durante quase todo tempo, já que é a hora e a vez de usar um “modelito” fashion como aquele da “fulana de tal”.

E o dinheiro – você já viu alguém se libertar do valor que o dinheiro tem? Por que não nos acostumamos a viver mais e acumular menos? E se partimos antes da tal velhice? Será que aproveitaremos o fundo para a aposentadoria construída sem que tenhamos vivido? Mas o medo de não ter mais adiante, faz com que nos aprisionemos na certeza de não precisarmos viver o agora.

E o preconceito? Noooossa!!!! Esse é o grande aprisionador de qualquer sociedade. Seja ele de gênero, social, racial, religioso... nos leva a pensar que o outro está errado e o certo somos nós. Julgamos, condenamos e executamos a pena sem dó nem piedade e quando percebemos (se é que percebemos), somos nós os “errados” porque partimos do ato construirmos paredes e paredões que reforçam as idéias de supremacia de um em relação ao outro. E como parede são formas de contensão... Estamos presos!!!

Em caráter mais íntimo, está o medo inerente aos relacionamentos – medo da perda da liberdade, medo do domínio, medo da disputa, medo de falhar na “hora h”, etc. Por que tanto temor? As mulheres carregam uns grilhões sociais ainda mais pesados que dizem respeito aos seus medos do abandono, de abalar a fragilidade de sua imagem (que deveria ser comparada a da Mãe Maria), de ser delas a maior responsabilidade na formação/construção dos filhos, de dizer o que sente e deseja na cama... e por vai... e por aí vamos... presos e cegos, certos de que estamos no caminho certo.

Acredito que optamos por carregar falsos diamantes nos bolsos a ter que soltá-los e ficarmos leves e livres para irmos em busca de verdadeiras pedras preciosas de felicidade. A liberdade é fundamental, mas mesmo assim optamos ou não conseguimos força para arrancar as amarras. Será que sem liberdade temos a falsa sensação de que temos proteção de uma barreira? Quisera eu ter respostas mais libertadoras, quisera eu poder me desamarrar, quisera eu poder dar coragem a mais gente para se libertar.. por hora só consigo gritar e tentar ser ouvida: VIVA A LIBERDADE!

Joyce Alves rocha

domingo, 30 de março de 2008

Ignorar é preciso

Em momentos distintos de minha vida me deparei com um ensinamento de grande valor...

Nutrir sentimento, bom ou ruim, é nutrir sentimento!

Amor e ódio caminham juntos. Se você odeia o vínculo está garantido.

Convenhamos, será que algumas situações ou sujeitos valem a pena?

Vejo com receio a alta capacidade que temos de remoer “coisas” que não vão nos levar a lugar algum.

Por que é tão difícil simplesmente ignorar? Por que arrastar correntes?

É de grande valia acreditarmos que se faz necessário abandonar o que nos faz mal. Enquanto a história faz sentido ainda vá lá, tudo é permitido! Tudo mesmo!!! Mas quando se passa do ponto, por que não descer do bonde? Nem que seja se jogando nos trilhos! Às vezes a dor inicial é compensada pelo prazer de sentir-se vivo para sair correndo do tempo perdido, ou correr para o próximo bonde não passar por cima também.

Aproveitando meu estilo metafórico, gosto de brincar com minhas amigas dizendo que algumas pessoas precisam ser elevadas a categoria de “poste sem luz”. Existe alguma coisa mais inútil do que poste sem luz????? Ele está lá parado, mas é indiferente para você. Não nos serve de nada! Aí sim, você deixa de dar alguma importância.

Se a gente acha que, nem que seja uma luzinha ainda á melhor que nada... vai só tropeçar na penumbra.

Acender uma nova luz é a solução! Mas é preciso lembrar que essa luz está dentro de nós, da energia que emana do prazer de sermos de nós mesmos.

Não pense que, como já foi um dia, basta irmos de poste em poste acendendo o candeeiro para que se faça a claridade. A verdadeira luz é nossa, e apenas (não que seja pouco) se intensifica quando recebemos energia de um par próximo, mas não a acendemos só quando juntos.

“Que se faça a luz!!!!!!” (Deus) hehehe

“Luz é vida, pulsação” (Luiz Melodia)

quinta-feira, 20 de março de 2008

O som do tic-tac

Ai tempo, tempo, tempo...

Por que ser tão rápido? Por que ser tão precioso? Por que ser tão perdido?

Hoje lembrei que fazia um tempão que não passava por aqui e culpei o tempo...

Depois pensei: se não passei por aqui, por onde andei? Constatei que andei vivendo! Andei curtindo o tempo, andei curtindo a vida!!!! Nada melhor do que isso... Lógico que com algumas agruras e contratempos, mas muita felicidade. Decidi dominar meu tempo!

Talvez se tivesse ficado só ouvindo o tic-tac, não ouviria o som do coração, que bate cada vez mais forte e alegre, como uma bela “batucada de bamba, na cadência bonita do samba”. Você já ouviu o seu??? Que ritmo tem???

Bem, agora preciso ir, estou ouvindo a banda me chamar... “porque o tempo não para, não para não, não para”

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia internacional de uma mulher

Hoje, 8 de março de 2008, faz aniversário o “aviso oficial” que minha vida mudaria para sempre. Exatos 7 anos, chegava aos meus ouvidos o resultado do bHCG – era positivo para gravidez!!!! Nem que eu escrevesse um texto gigante, ou um livro, conseguiria descrever o que senti naquele instante. Sabia que nunca mais seria a mesma!!!

Fez-se uma grande confusão dentro de mim...

Ser mãe era tudo que eu sempre desejei na vida. Lembro como se fosse hoje das horas que passava brincando de ter uma “penca” de filhos; ou as orações a Deus pedindo que me concedesse o direito de ser mãe. Mas, naquele momento de sonho real tive medo, muito medo!!!

“E se errar mais do que acertar? E se for mais difícil do que brincar de boneca? Será que era hora? E meu doutorado? E a saúde do bebê? E...E... E...” Eram dúvidas, dúvidas e mais dúvidas.

Acho que todas as mulheres concordam comigo que leva um tempo para a ficha cair e sentirmos que vamos dar conta do recado. Esse “meu tempo para acostumar com a idéia” foi até bastante encurtado porque tive apoio e uma boa circunstância. Afinal, já estava casada, tinha toda a infra-estrutura que precisava, um emprego e era muito feliz. E justamente por isso, inevitavelmente, volta e meia era remetida para as sensações que devem ter minhas incontáveis alunas que engravidam precocemente ou mesmo minha mãe que soube de mim aos 16 anos. Se eu tinha dúvida de aos 29 anos estar preparada... imagina elas?!?! [vejam Juno, no cinema]

Então o sonho foi crescendo, mexendo lá dentro e se convertendo em realidade. Entre dietas especiais, bordados, consultas, ultras, vida normal de trabalho, sono (muito sono), roupas que iam ficando apertadas... ia me preparando para o “grande dia”...

9 meses depois, ficou apertado lá dentro, e finalmente pude dar o primeiro beijo naquela cabecinha lambuzada que acabara de sair de mim (click! nossa primeira foto – ele adora quando eu conto essa parte da história). Saíra do meu ventre para morar para sempre em meu peito.

Era concreto que a minha felicidade existia, estava em meus braços e que as preces tinham sido atendidas. Eu tinha meu filhote para amar incondicionalmente!!! Como um animal selvagem, agora tinha a missão de proteger a cria, mas ensinar a voar, nadar, correr e se virar sozinho. O mundo em breve o adotaria! E é isso que eu quero. Que cresça uma pessoa de bem e que saiba fazer parte de um mundo melhor (com sua própria contribuição, é claro).

Hoje ele é um rapazinho (como gosta de ser chamado) de 6 anos, 4 meses e 8 dias. Estamos nós dois, dia-a-dia aprendendo um com outro. Acho que nunca aprendi tanto!!!

Quando conto essa história para ele sinto que nossa conexão aumenta e que de alguma forma nos escolhemos mutuamente em algum ponto de alguma dimensão. Sabíamos das tempestades, mas tínhamos a certeza de lindos dias ensolarados e tranqüilizadoras noites enluaradas.

É por tudo isso que comemoro hoje mais do que o dia internacional da mulher, comemoro um grande acontecimento em minha vida de mulher, a realização de um sonho. Poder finalmente ser mãe é sentir na pele a capacidade de ser forte e de amar uma criatura que faz parte de você, que é sua responsabilidade, mas que precisa crescer. E se essa criaturinha é o Miguel... tudo fica muito mais mais legal!

“Meu amor, meu Miguel, meu anjo sempre tão lembrado, sua mãe (beijona e coruja) é feliz por ter você!!!!! TE AMO!!!!!”

domingo, 2 de março de 2008

Cenas de filme

Ela se prepara para seguir toda aquela distância para vê-lo.

Ele se prepara para recebê-la junto com toda aquela gente.

Eles são íntimos, muito íntimos e declaram amor dos mais legais um pelo outro.

Apesar de tudo são só amigos, muito amigos, mas só.

Ele é gay.

A espera dela está toda a família dele, além de agregados e vizinhos. Todos numa só torcida, quase novena, pela masculinidade dele.

A espera dela um banquete. Nunca vira tanta comida! Uma verdadeira orgia alimentar daquelas típicas do subúrbio, do qual estavam acostumados. Era evidente que festejavam a esperança. Celebravam a possibilidade da perpetuação daquela cultura de unirem-se todos a mesa.

Entre olhares atentos, trocas de cochichos e muita atenção dispensada ao suposto casal, as esperanças foram minguando. Menos a dela. Ela que sonhava com outro futuro que o coração materno queria ver, apenas para ganhar tempo.

Mas, isso é mera cena.

É preciso ver os bastidores do dia-a-dia. Porque será que ainda é tão difícil compreender que a vida do outro não está nas suas mãos? A quem é dado o direito de interferir, mesmo com o argumento de que é por preocupação, medo ou amor?

Não, não, mãe não é para isso! As mães (e pais) precisam estar do lado sim, para amparar os filhos, sejam eles gays ou não! E não para tentar oferecer a “cura para seu próprio bem”. Isso faz parte do preconceito que brota dentro da própria família. E esse é difícil de suportar e compreender. Amor de pais não era para ser incondicional?

Mas o tempo passa, a cena passa a ser corriqueira como uma repetida novela do “vale a pena ver de novo” e todos continuam com a TV ligada. Se acostumam e nunca mudam de canal. Porém ao deixarem de mudar o canal, deixam de enxergar que no outro há um capítulo inédito de uma outra história a ser desvendada e compreendida, e não uma história de “você decide” em que o final está em suas mãos, no seu controle não remoto.

Famílias, ao assistirem essa cena cada vez mais explícita e necessária, saibam como lidar com ela e não finjam que é outro filme. Ou que é possível reinventar a história, como aquelas que adaptamos às crianças para não chocá-las com a realidade da vida. É apenas uma história real. Viva a realidade das diferenças. Só assim seremos todos mais felizes!

Joyce Rocha

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

SÍndrome de prateleira




Não sei se é conjunção astral ou se só me dei conta disso agora, depois de anos sendo acometida por esse mal. Tenho uma amostragem considerável de amigas que sofrem da Síndrome de Prateleira...

Levanta a mão direita e jura de pés juntos que você é uma mulher que nunca teve em seu passado (ou presente) um homem que te adora, te quer muito bem, se preocupa com você, te admira, adora te levar para cama e que até abre mão de uma outra coisa para vez por outra te levar a um chopinho, um cineminha, um motelzinho...ótimo!!! Porém, tantas e tantas vezes deixa você na mão porque não quer perder a liberdade, estragar a amizade ou porque tem que voltar para a mulher e os filhos, ou mesmo (se casado com você) não te dá o devido valor porque está cansado e cheio de contas para pagar ou coisa parecida.

Se você é essa mulher que não encontrou um homem desses, meus parabéns! Agora, se já passou pela sua vida alguém assim, você sofreu ou sofre da tal síndrome!

Queridas amigas e amigos, atenção ao principal sintoma: se você é procurado apenas vez por outra, não importando seus desejos mais íntimos, você está sendo colocada (o) na prateleira, tal como um objeto, pelo qual até se tem carinho e apego, mas objeto. Cuidado! É muito fácil para o outro se nos posicionamos como sujeito passivo desse verbo e aceitamos o lugar que nos dão.

Esse joguinho é até muito legal quando os dois querem. Que não me deixem mentir os amantes de anos, que até comemoram com alegria suas bodas. Nesse caso, vale tudo! Mas nem sempre é assim. Tem sempre um que sofre e espera mais do que o outro.

Outro sintoma, e aí bem grave, é quando passamos a esperar que sejamos retirados da prateleira, que nos limpem a poeira e nos ponham em uso de novo, mesmo que sabidamente por tempo limitado. Nesse ponto de nossa conversa só posso te recomendar internação, ou melhor. “externação”. Vá lá fora, veja o dia, veja a chuva, veja o sol, veja que cada amanhecer é sempre uma nova oportunidade, veja o novo. O que você está fazendo aí esperando que ele (ela) lembre de você e te ligue?

Por experiência própria, experimentar o novo é uma sensação inigualável! Poder conquistar o novo, exercitar a sedução, poder se produzir para vislumbrar novos horizontes, poder traçar novos planos de vôo, poder decolar e aterrizar em novos territórios é definitivamente maravilhoso!!!!

Experimenta! Vá correr atrás de você, porque de acordo com a grande filosofia de botequim, não podemos esquecer... “a fila anda, a catraca gira, quem quiser volta para o fim da fila”.


Joyce Rocha

Pijama de Bolinhas

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tira o pijama de bolinha!

“Nossa quanta energia!”, “Sua pilha não acaba!”, “Essa adora uma night!”; “Que pique!”, etc. Essas costumam ser as expressões das pessoas quando falam da minha disposição para farras. Pois é, não vou esconder que até sinto um pouco de orgulho disso. Sabe por que?

Considero a vontade de sorrir e ser alegre um excelente remédio para qualquer mal. Todas as vezes que fico triste por algum motivo, penso nos tantos outros motivos que tenho para ser feliz. Claro, às vezes leva um tempo para que o remédio faça efeito, mas procuro administrar logo uma dose cavalar para encurtar o lapso de atuação medicamentosa. Ouço música (muita música), danço, bato um bom papo com amigos reais e virtuais, vou a um barzinho, recebo visitas para petiscar e bebericar, escrevo, pinto, bordo, quando tenho condições (com essa energia toda tenho dificuldade de concentração) leio... tudo isso na tentativa de distribuir bem as energias e o foco evitando focar onde não terei bons resultados ou que não valem a pena.

E é por isso mesmo que uma coisa que me agonia muito é ver pessoas de “pijama de bolinha”. Ouvi isso numa marchinha de carnaval e achei o máximo!!!!!! Considerei e defini que estar de pijama de bolinha é estar na cama vendo a vida passar, é estar aposentado da vida, é estar vendo a vida pela telinha, é se esconder atrás de um mundo “internético”, é achar que o mundo é pequeno, é se fazer vazio, é estar sem garra e sem tesão (nada mais broxante que um pijama desses)...

Tudo bem que não quero estar certa e dizer que o gosto pela tal vestimenta é um erro. Só parei para pensar nisso e me pergunto: como essas pessoas não percebem que a vida passa?!?! Conheço um monte de gente que faz essa opção e é feliz, mas a maioria exala um cheiro de arrependimento ou tem um tom de quem está carregando um peso terrível.

Mas não me subestime. Não falo só de animação e farra não. Sou mulher adulta e não considero que tudo se resuma a tão pouco. Vejo com pesar pessoas que não estudam (amo estudar!), que não trabalham, que não desejam, que se fecham para o novo, que temem a vida, que se prendem a dogmas, que se aprisionam nos seus paradigmas infinitos... enfim, que não sabem viver. Pode até ser que eu não saiba viver, mas considero que essas pessoas nem ao menos vivem.

Eu, assim como qualquer outra pessoa, também tenho meus altos e baixos (dentro e fora). Já me aprisionei e libertei algumas vezes. Mas as piores prisões foram as que eu mesma construí ou permiti que construíssem ao meu redor. E dessas, toda vez que saí, foi como se estivesse nua. Dava medo (estava peladona correndo por aí hehehe), mas a sensação de não ter nada que me impedisse de sentir o vento não tinha preço!

Agora, não ouse fazer julgamento do tempo! Ao contrário do que estamos habituados a pensar e criticar, o tempo está a nosso favor. Ele nos amadurece. Ele passa, às vezes parecendo até cruel já que, ao menos biologicamente falando, perdemos a vitalidade, porém é ele que nos permite e nos dá a oportunidade de viver. A nós cabe saber aproveitar tudo, absolutamente tudo, que temos. Dia após dia é preciso se agarrar a vida, para que lá na frente o tempo não se mostre mais cruel do que na verdade foi ou é. Deve ser horrível olhar para trás e pensar... por que passei a vida de “pijama de bolinha”? Por que agora vou partir para outra e nem vivi essa?

Então, sem ser pretensiosa de querer aconselhar a ninguém, se você gosta de samba ou não, de tango, jongo, de cinema, de uma cervejinha, de meninos ou meninas (ou dos dois), de praia, da night, de TV, de livros, de cama mesa e banho, de gente, de biblioteca, de comer, de beber... tanto faz seu gosto ou seu estilo, viva e deixe viver! Equilibre sua vida, TIRA O PIJAMA DE BOLINHA e vá curtir a sua maneira!!! Certamente, quando for a hora de olhar para trás tudo vai ganhar um novo sentido.

Joyce Rocha

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Ambigüidades

“Uma constante em minha vida são as ambigüidades” – concluí com meu analista na primeira sessão depois das férias de verão. O processo de escolha é igual a todos, creio eu, mas para mim em alguns momentos parece gritante demais, e a ambigüidade me atormenta.

Na atual situação que vivo, parece até que a Corimba ou os Deuses do Olimpo andaram metendo o bedelho. Me senti sendo testada. Para onde ir? Como agir ou reagir?

Foram as férias de verão mais marcantes e inesquecíveis dos meus 36 anos.

Fui do verão carioca ao verão gélido dos Glaciais da Patagônia, do biquíni ao cachecol, da simplicidade das terras do dedo de Deus, a obra do Divino esculpida no gelo de Upsala.

Vivi momentos em que era mulher moderna, forte, doce, sensual, independente e acima de tudo adulta. Já em outros me sentia a mais frágil das meninas, temendo o novo e sendo seduzida por ele.

Era gigante diante das geleiras e pequenina diante de um restaurante de luxo, ou um hotel 5 estrelas. Precisei ser firme e doce - uma corajosa aprendiz já com três décadas (quase 4) de vida. Como não lembrar da infância pobre?

Foi uma enorme mistura de avanços e retrocessos, passos largos ao futuro e uma constante retrospectiva. Tudo era novo, a língua, o ambiente, as pessoas, as situações, o status, a temperatura, o aroma, as cores... e lá estava eu, lembrando do primeiro dia de aula na escola primária e do medo de “declamar” o alfabeto em voz alta, que me rendeu punição e auto punição por anos. Loucura total!

Mas os embates e bifurações não pararam por ai. Me vi como nunca vivendo a Joyce mãe e a Joyce Mulher como momentos estanques e as vezes tudo junto. Por hora, lá estava eu domesticando o amor e fazendo de tudo, de novo, pela “harmonia do lar”. Parti da certeza de que a vida independente é mais saudável e possível, para a total abertura para uma nova maternidade. “Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor...”. Loucura total! (bis)

Hora o tempo parecia se esticar como fosse de borracha e hora voava como um torpedo. Senti aproximar-se dias de decisão.

No final ficaram as boas lembranças, no final fica o que se aprende, fica a saudade e a ansiedade pelo que ainda há de vir.

“O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e mundo espera de nós um pouco mais de paciência... a vida não pára...”

JoYce Rocha

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Cerejas e garras vermelhas


Decidi parar para pensar no fato de ser mulher. Acho até que vou dizer o que tantas e tantos já disseram, mas vá lá...

Considero que já nascemos guerreiras. Vencer preconceitos e a “super proteção” de uma imagem social impecável começam muito cedo em nossas vidas. Temos que correr para chegar junto dos homens, lutar pela atenção deles, pela aceitação delas, pelo respeito de todos... ufa! Isso cansa!!!

Comecei pensando em generalizações e inevitavelmente me vi precisando falar mais de mim... depois de anos escondendo minha força, sob uma ameaça velada de impotência com a vida (que vem lá dos primeiros anos de adolescência), descobri que posso. Me sentia covarde por nunca ter conseguido gritar para afugentar o mal que me rondava diariamente. Ao me sentir fraca, todo meu esforço parecia pesar ainda mais sobre as minhas costas. Tudo parecia ainda mais difícil, afinal, não conseguia acreditar muito em mim. Lá estava a faca e eu nunca consegui usar para cortar.

Tudo bem que não fiquei parada esse tempo todo. Ascendi na vida por um esforço enorme em estudar, trabalhar e conhecer o mundo que estava ali do meu lado e eu sempre o desejei. Mas ao me colocar sempre em segundo plano me via sempre ao implorar aquela “forcinha” para superar dificuldades que hoje vejo que nem eram tão difíceis assim.

Mas, a maturidade chegou. A verdadeira força que eu tenho foi finalmente aflorada por circunstâncias assustadoras, ao menos inicialmente, e que hoje posso até agradecer. Me sinto forte!

Mais do que uma mulher doce, sensual e mais vaidosa, afiei minhas garras. As pinto da cor de cereja sim (endureci sem perder a ternura), mas faço questão de eriçar os pêlos nos momentos certos e mostrar que tenho tesão por aprender a me impor. Não posso e não vou mais fraquejar.

Não está sendo nada fácil, já que o mundo continua o mesmo e sou eu que tenho que mudar drasticamente, mas estou pronta. O tal grito preso na garganta, tem saído tímido, mas sai; as garras ainda arranham pouco e se quebram com facilidade, uso a lixa para lapidar a mim e assim cresço e apareço.

O que não pode faltar na geladeira de um solteiro...


Hoje, após um banho de inspiração por um texto que li, fui preparar algo para comer. Ao abrir a geladeira constatei: “Ufa! Tem ovo” – daí foi só o primeiro passo para a elaboração de um texto meu. A princípio seria algo como “o que não pode faltar na geladeira de um solteiro(a)? E a resposta seria: ovo. Pensei em narrar a versatilidade do ovo. Doces, salgados, sanduíches, complementos, pastinhas, etc. Então começou a verdadeira viagem...

Parceiro das horas mais difíceis que passei, quando não tinha por que ou para quem cozinhar... Aquelas horas em que inevitavelmente os amigos tinham que voltar pra casa, muitas vezes ficamos só nós dois. Por vezes ele, o ovo, em maior número que eu (hehe), mas lá estava a me manter de pé (literalmente). Veio ainda o pensamento de que o ovo é “um ser” sozinho por natureza e dele pude tirar uma porção de lições e mais pensamentos...

Tal como o “tal ovo”, podemos ser aparentemente simples e sozinhos, mas somos muito importantes. Lembrei das inúmeras vezes que precisei de comidas elaboradíssimas (nada de ovo, claro!) para garantir que não estaria sozinha. Tentava banquetear a solidão para que ela se interessasse pela comida e não quisesse se apegar a mim. Chorei o desespero de me sentir numa casca frágil e prestes a quebrar, caso alguém quisesse me jogar ao chão de novo.

Foram alguns meses (que pareceram anos), na tentativa de me reconstituir, ou melhor, de realmente me construir, descobrindo quem realmente sou. Percebi que vale a pena começarmos pelo começo, o ovo. Gostar de estar sozinha foi uma lição e tanto. Percebi que sou capaz de amar a mim mesmo, que sou feliz comigo, que posso ou não participar de omeletes, gemadas, bombocados, pudins de clara... ou simplesmente me animar em ser um delicioso ovo frito a ser comido sozinho. Digo delicioso ao menos para mim. Pouco passou a importar se em alguns momentos o outro faz questão de dizer que prefere o bife. Se eu estou feliz, a opinião do outro só importa se complementar a minha felicidade. Claro que os ouvidos e o paladar precisam estar apurados para detectar a possível falta de sal, o excesso, o estar “fora do ponto”... isso é importante sim, as receitas são adaptáveis (como diria a Ofélia – aquela dos famosos livros de receita), mas a base precisa ser mantida se não desanda.

Terminei de viajar, digo, de preparar minha comida, E fui comer aquilo que passou a ter um gosto mirabolante com o recheio de pensamentos tão loucos. Ao voltar à realidade e à necessidade de sobremesa, voltei a geladeira e constatei de novo: opa! Não tem só ovo! Tem ainda danoninho, todynho, yakult, frutas da estação... sorri de novo... mais do que nunca tenho motivo para sorrir, pois meu filho (o dono das iguarias com sabor de infância) estava lá bem pertinho de mim. E hoje, ter aprendido a ser feliz sozinha, para estar pronta para querer o outro, me fez mais acompanhada do que nunca e capaz de amar ao meu pequeno ainda mais e jamais me sentir realmente só, sem que para isso tivesse que sufocá-lo com medo de não tê-lo, como um frágil ovo cru.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Cerejas e unhas vermelhas



Ainda no campo das vaidades, boa parte das minhas últimas reflexões sobre “ser mulher” vem dos longos bate-papos com uma grande amiga. Já aprendi e ri muito de suas dicas.

Sua experiência pode não ter vindo de números, mas sim do que ela traz dentro de si, e é desse mérito que brota minha inspiração. É um instinto que descobri que tenho também.

Hoje dá para imaginar cenas que antes nunca habitariam espontaneamente minha mente... os temas já foram da mais bonita maquiagem até a furta-cor da lingerie mais adequada para cada situação, pensando, é claro, em variar. Não esquecendo de mantê-las sempre no menor tamanho possível. Os aromas, os acessórios, as sandálias de salto em perfeita harmonia com as peças do jogo... divertidíssimo pensar! Ah! Vale a advertência: cuidado com colchões d’água e salto agulha!!!

A última conversa foi a excelente combinação de cerejas e unhas vermelhas. Chegamos à conclusão que, gostando ou não da fruta, a parceria faz efeito. Mas concluímos também, que vale a pena testar a capacidade praticamente excitatória de outras frutas. Mas nada de mamão papaia (sem graça!), maçã (duro demais exigindo muitas mastigadas e perda de tempo) ou fruta de conde (o que fazer com tanto caroço?????). São de efeito garantido: uvas, morangos, amoras (as silvestres fazem sucesso sendo colhidas no mato mesmo), e as cerejas, lógico... se acompanharem um bom drinque ou umas tacinhas de champange... uhuuuuuu

Bem, onde eu quero chegar? Além do orgasmo, claro...

Aprendi com ela e com meu analista muita coisa sobre tesão. O que se faz com ele? A quem ofertá-lo? De que forma? Não creio que não pensar antes no assunto fosse algum bloqueio ou um certo puritanismo, pelo contrário, nunca fui dessas coisas. Hoje vejo que não pensava nisso simplesmente por não me querer o suficiente. Sentir tesão era motivo de sobra para oferecê-lo o quanto antes. E eu, com que parte ficava? Nem sempre a parte que me cabia era ao menos boa, somente garantida, e que “aquilo era meu e que daria para quem eu quisesse”. E eu, com que parte ficava? Ficava com a falsa idéia de modernidade, independência, vingança e até um certo alívio. Bom? As vezes sim, as vezes não... quase sempre culposo. Não pelo ato em si (não era puritanismo!) mas por no fundo sentir que ofertei muito e ganhei pouco. E eu ficava em segundo plano, como em quase tudo.

Daí veio a já narrada tormenta, o intensivão de natação (força nas braçadas!!! Você consegue!!!!), os “cursinhos relâmpagos de como seduzir seu homem” com a tal amiga, as incontáveis sessões de análise... e a descoberta que eu sou a atriz principal nesse ato. Eu posso ou não, quero ou não, faço ou não de acordo, e somente de acordo, com minhas convicções e necessidades. O tempo todo é um processo de escolha, que vai desde a cor do que vem por baixo da roupinha transparente até... Essa é a parte mais crucial. Não acredito em contos de fadas, não espero um príncipe de verdade, mas uma coisa é certa, aprendi ao longo desses anos (com as conquistas e decepções) que é o meu valor que dita essencialmente as minhas regras. Se não houver intenção em mim numa visitinha ao SexShop, de que valerá? Tenho gostado muito das minhas últimas escolhas, da minha radical mudança no modo de pensar e de agir, sobretudo do meu modo de garantir o meu tesão por mim, então tenho podido ofertá-lo com todo ardor a quem faz com que a recíproca seja verdadeira. Isso é felicidade instintiva e primordial.