domingo, 27 de dezembro de 2009

Amor e música


Poderia passar dias e dias cantando e decantando nosso louco amor...
Nossos altos e baixos, nossas retas e curvas, nossos calores e friezas, nossos encontros e desencontros, nossas ilusões e desmistificações, nossas paixões e amornado cotidiano, nosso passado, presente e anseios futuros.
Felizmente poetas já fizeram valer os sentimentos em versos e prosas que não me encontro pronta para externalizar. Felizmente posso me valer da música que saiu do coração de um poeta para pôr para fora o que brota inconscientemente do meu. Respiro música como o ar que me alimenta. Respiro poesia para me sentir concreta e forte.
Espero que o caminhar de luz de um poeta reluzente permaneça, mesmo com a infame tendência de ventos fortes que insistem em apagar-lhe a vida. Que a música e suas canções alcancem ouvidos e cérebros, em suas tortuosas reentrâncias, e assim atinjam em cheio os corações embrutecidos pela vida dura e de desejos objetivos demais para caber o amor.
Joyce Alves Rocha

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Em minha formação como bióloga, tive a oportunidade de “brincar” muito com o microscópio. Na ocasião, o máximo que me dava era um enjôo danado por aquele vai e vem dos parafusos micro e macrométrios, usados para ajustar o foco. Aos poucos fui observando que ao mexer no foco via algumas estruturas que, giro para lá giro para cá, logo se perdiam enquanto outras eram achadas...

Em dias de hoje, fui passar a valorizar tal brincadeira que se tornou tão relevante sob um outro ponto de vista...

Profissionalismo à parte, deixa-me falar onde quero chegar...

Na vida, muitas vezes fica a idéia de que tudo o que temos é o que podemos ver. Acreditamos que o que tocamos, que constituímos a duras penas, que muitas vezes vem atrelado à idéia de concessão, como uma benesse do destino, é tudo que nos cabe. Mal conseguimos enxergar que uma simples mudança de foco faz toda diferença. Nos faz acreditar que podemos muito mais.

Quantas pessoas você conhece que se mantém numa história cíclica e irrelevante só pela falta de garantias vindas do algo novo? E se num giro algo se perder? Para muitos isso é assustador! Creio que nessas situações de “é melhor não mexer do que está quieto” não se vê novas estruturas e o que tem de importante deixa de ser dito, visto e vivido.

São aqueles casamentos insossos e desrespeitosos; são relações vazias, porém estáveis; são os casos de “amor” eternos caracterizados pela espera do que nunca chegará. São as submissões pela manutenção do que nem se tem de fato. São os mesmos pensamentos, as mesmas práticas cotidianas, as mesmas atitudes, os mesmos gostos, os mesmos sabores... onde está a giradinha no foco? Quanta coisa há para ser vista por aí!

Um belo dia, cansada do que tinha em minhas mãos, num gesto simples me peguei em pleno engarrafamento olhando para os lados. Vi-me buscando em cada rosto novo daquele uma outra face da vida. Homens e mulheres, cada qual com vidas diferentes, com algo novo a ser conhecido. Tais incógnitas e anônimas pessoas me fizeram pensar que há um mundão enorme por aí cheio de pontos de vistas e oportunidades diferentes.

Curiosamente, pouco tempo depois estava vendo! Via claramente o que havia para ser visto. Enxergava momentos nunca antes imaginados, muito provavelmente por se quer saber que existiam. Assim, considero ter encontrado a mim mesma num simples e singelo giro em busca de um novo foco.

Ah! Se não der para usar microscópio, veja se ao menos muda de óculos, né?!


Joyce Alves rocha