quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Em minha formação como bióloga, tive a oportunidade de “brincar” muito com o microscópio. Na ocasião, o máximo que me dava era um enjôo danado por aquele vai e vem dos parafusos micro e macrométrios, usados para ajustar o foco. Aos poucos fui observando que ao mexer no foco via algumas estruturas que, giro para lá giro para cá, logo se perdiam enquanto outras eram achadas...

Em dias de hoje, fui passar a valorizar tal brincadeira que se tornou tão relevante sob um outro ponto de vista...

Profissionalismo à parte, deixa-me falar onde quero chegar...

Na vida, muitas vezes fica a idéia de que tudo o que temos é o que podemos ver. Acreditamos que o que tocamos, que constituímos a duras penas, que muitas vezes vem atrelado à idéia de concessão, como uma benesse do destino, é tudo que nos cabe. Mal conseguimos enxergar que uma simples mudança de foco faz toda diferença. Nos faz acreditar que podemos muito mais.

Quantas pessoas você conhece que se mantém numa história cíclica e irrelevante só pela falta de garantias vindas do algo novo? E se num giro algo se perder? Para muitos isso é assustador! Creio que nessas situações de “é melhor não mexer do que está quieto” não se vê novas estruturas e o que tem de importante deixa de ser dito, visto e vivido.

São aqueles casamentos insossos e desrespeitosos; são relações vazias, porém estáveis; são os casos de “amor” eternos caracterizados pela espera do que nunca chegará. São as submissões pela manutenção do que nem se tem de fato. São os mesmos pensamentos, as mesmas práticas cotidianas, as mesmas atitudes, os mesmos gostos, os mesmos sabores... onde está a giradinha no foco? Quanta coisa há para ser vista por aí!

Um belo dia, cansada do que tinha em minhas mãos, num gesto simples me peguei em pleno engarrafamento olhando para os lados. Vi-me buscando em cada rosto novo daquele uma outra face da vida. Homens e mulheres, cada qual com vidas diferentes, com algo novo a ser conhecido. Tais incógnitas e anônimas pessoas me fizeram pensar que há um mundão enorme por aí cheio de pontos de vistas e oportunidades diferentes.

Curiosamente, pouco tempo depois estava vendo! Via claramente o que havia para ser visto. Enxergava momentos nunca antes imaginados, muito provavelmente por se quer saber que existiam. Assim, considero ter encontrado a mim mesma num simples e singelo giro em busca de um novo foco.

Ah! Se não der para usar microscópio, veja se ao menos muda de óculos, né?!


Joyce Alves rocha



5 comentários:

Marcia disse...

Como sempre, inspiradíssima !!
Me dá inveja (branca, branda, boa) ao ler seus textos, tão simples e diretos !! Tão claros e profundos, tocantes...
Parabéns uma vez mais por compartilhá-los conosco, enriquecendo e "desfocando" nossa rotina...
Como já disse outras vezes, sou fã do seu blog ! Ah, e sua também, por toda sua estória, virada, batalha com o filhote, e principalmente a vontade de ser feliz acima de tudo !
Sucesso e felicidades sempre !
Bjinhos...

Edney Rocha de Oliveira disse...

Maravilhoso! Um dia sigo o seu conselho e mudo de foco...Beijos.

Unknown disse...

Amiga o ser humano tem medo do novo e do desconhecido..muitas vezes somos forçados a enfrentá-los e só ai damos conta do qto somos capazes ,fortes e corajosos!!! E assim descobrimos formas e fontes diferentes de viver e sermos felizes!! Evoluimos não só espiritualmente como tbem humanamente e socialmente..isso nada mais e do que a nossa propria evolução!! Vc é especial assim como sua caminhada e historia e sei que não foi a toa que nos encontramos!! Bjs e parabens por mais esta liçao de vida!!!

Amar sem sofrer na Adolescência disse...

Um texto muito rico. Basta uma giradinha e passamos a enxergar a vida e os acontecimentos por outros ângulos, tantas vezes mais profícuos. Sempre fui avessa a uma visão viciada. Identifiquei-me demais com o post! Adorei!!!
Bjs

Anônimo disse...

Está tudo muito bem. Concordo com todos.Mais eu só tenho uma pergunta:"Joyce, por que vc escolheu essa foto??" Nem parece vc!" Rsrs