domingo, 12 de junho de 2011

GEOMETRIA DE RETAS E CURVAS – DESENHO MAIS COMPLETO












Rio de Janeiro/Buenos Aires...
Num sobrevoou um tanto quanto mais poético e reflexivo, tracei mais linhas metafóricas aos meus pensamentos...


Pesquisadores do comportamento humano que me perdoem se agora ouso produzir mais uma de minhas tantas teorias, mas solicito uma licença poética.
Rio de Janeiro... suas curvas já cantadas e retratadas por inúmeros artistas. A geografia de sinuosidade única gerou beleza e caos para serem captados, compreendidos, amados e por vezes odiados. A confusão provocada em nossos olhos verifica-se verídica lá de baixo.
Não sei se é possível compreender criatura e criador nesse caso, mas certamente quem vive sob a égide de tantas curvas mostra certo ar de imprevisibilidade, flexibilidade, leveza, surpresa, num tom de beleza e paixão pelo o que há de vir. Por outro lado, lá está a confusão dos traços embaralhados nos comportamentos, atitudes, talvez até excesso de vivacidade, numa ação desmedida, sob brilhantes raios de sol e calor de vulcão. São as sinuosas vistas na obra de Lan (Lanfranco Vaselli) que mostra as curvas das mulheres nas paisagens do Rio.
Mas infelizmente essas curvas estão com algumas estrias e celulites que o artista omitiu. Lá de cima, se vê bem o que estou dizendo. Linhas, muitas linhas curvas se entrecruzando, acabando no nada, chegando ao aparente lugar algum, subindo e descendo ladeiras, encontrando verdes finitos e azuis de imensidão. São caminhos abertos de possibilidades e impossibilidades para tantos de nós.
Ah, minha linda Buenos Aires... feita de quarteirões ge-o-me-tri-ca-men-te organizados. Experimente virar três vezes a direita que lá estará você de volta ao ponto de partida! É bonito de se ver. Um pouco incomodo talvez, sobretudo para um(a) carioca. Seu ar de planejada, organizada, limpa, controlada, arrumada e pensada para que as coisas funcionem. Inevitavelmente me faz pensar em quem lá vive. São pessoas com considerável e respeitosa previsibilidade, imutabilidade, organização. Com seu ar europeu, usam relógios britânicos do controle. De certo são felizes assim, mas algo me diz que são, de alguma forma, prisioneiros de convicções e dogmas produzidos nos ângulos retos do planejamento. Tendem a esperar do outro o mesmo grau de certeza e de retidão, milimetricamente produzidos com réguas. Machucam-se freqüentemente quando quebram a ponta do lápis. Machucam-se profundamente quando quebram suas grafites internas.
Aproveitando do traço metafórico do que estou dizendo, com a propriedade de quem vive um amor sem fronteiras bem demarcadas entre Rio/Buenos, quero traçar um paralelo entre essa minha observação e relacionamentos que, apesar das diferenças, podem achar o equilíbrio que a geometria permite.
Digo isso porque vejo, com felicidade, verdadeiras obras de arte levando em consideração que nem só de retas cria-se algo harmônico. As curvas são necessárias. Por outro lado, curvas demais traçam labirintos difíceis de compreender, denotam bagunça e parecem influenciar na dificuldade de compreensão. Com tudo reto há ordem, mas não há imprevistos, há organização, mas não há subidas e descidas, não há esquinas mais sinuosas, às vezes nem retorno para se voltar de onde partimos, pois a via pode ser contramão. Não há surpresas, não há tanta alegria.
Aposto todas as minhas pinceladas que o equilíbrio seria ideal. Sim, não é fácil. Nossas paletas, pincéis, lápis, grafites, cores e tons de cinza precisam ser reinventados e aplicados a cada dia, na medida e no quadro certo. Deveríamos procurar sempre desenhar relacionamentos como se fossem obras primas.
Sendo assim, apontemos nossos apetrechos de traçar. Deixemos sempre à mão nossos esquadros e compassos. E, sobretudo, apuremos nossa visão para perceber o que desenhar e o que é possível esperar do desenho do outro. Uma obra traçada a quatro mãos é uma tarefa e tanto, mas pode ser gratificante se deleitar vislumbrando uma imagem perfeita e imperfeita ao mesmo tempo.