domingo, 30 de março de 2008

Ignorar é preciso

Em momentos distintos de minha vida me deparei com um ensinamento de grande valor...

Nutrir sentimento, bom ou ruim, é nutrir sentimento!

Amor e ódio caminham juntos. Se você odeia o vínculo está garantido.

Convenhamos, será que algumas situações ou sujeitos valem a pena?

Vejo com receio a alta capacidade que temos de remoer “coisas” que não vão nos levar a lugar algum.

Por que é tão difícil simplesmente ignorar? Por que arrastar correntes?

É de grande valia acreditarmos que se faz necessário abandonar o que nos faz mal. Enquanto a história faz sentido ainda vá lá, tudo é permitido! Tudo mesmo!!! Mas quando se passa do ponto, por que não descer do bonde? Nem que seja se jogando nos trilhos! Às vezes a dor inicial é compensada pelo prazer de sentir-se vivo para sair correndo do tempo perdido, ou correr para o próximo bonde não passar por cima também.

Aproveitando meu estilo metafórico, gosto de brincar com minhas amigas dizendo que algumas pessoas precisam ser elevadas a categoria de “poste sem luz”. Existe alguma coisa mais inútil do que poste sem luz????? Ele está lá parado, mas é indiferente para você. Não nos serve de nada! Aí sim, você deixa de dar alguma importância.

Se a gente acha que, nem que seja uma luzinha ainda á melhor que nada... vai só tropeçar na penumbra.

Acender uma nova luz é a solução! Mas é preciso lembrar que essa luz está dentro de nós, da energia que emana do prazer de sermos de nós mesmos.

Não pense que, como já foi um dia, basta irmos de poste em poste acendendo o candeeiro para que se faça a claridade. A verdadeira luz é nossa, e apenas (não que seja pouco) se intensifica quando recebemos energia de um par próximo, mas não a acendemos só quando juntos.

“Que se faça a luz!!!!!!” (Deus) hehehe

“Luz é vida, pulsação” (Luiz Melodia)

quinta-feira, 20 de março de 2008

O som do tic-tac

Ai tempo, tempo, tempo...

Por que ser tão rápido? Por que ser tão precioso? Por que ser tão perdido?

Hoje lembrei que fazia um tempão que não passava por aqui e culpei o tempo...

Depois pensei: se não passei por aqui, por onde andei? Constatei que andei vivendo! Andei curtindo o tempo, andei curtindo a vida!!!! Nada melhor do que isso... Lógico que com algumas agruras e contratempos, mas muita felicidade. Decidi dominar meu tempo!

Talvez se tivesse ficado só ouvindo o tic-tac, não ouviria o som do coração, que bate cada vez mais forte e alegre, como uma bela “batucada de bamba, na cadência bonita do samba”. Você já ouviu o seu??? Que ritmo tem???

Bem, agora preciso ir, estou ouvindo a banda me chamar... “porque o tempo não para, não para não, não para”

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia internacional de uma mulher

Hoje, 8 de março de 2008, faz aniversário o “aviso oficial” que minha vida mudaria para sempre. Exatos 7 anos, chegava aos meus ouvidos o resultado do bHCG – era positivo para gravidez!!!! Nem que eu escrevesse um texto gigante, ou um livro, conseguiria descrever o que senti naquele instante. Sabia que nunca mais seria a mesma!!!

Fez-se uma grande confusão dentro de mim...

Ser mãe era tudo que eu sempre desejei na vida. Lembro como se fosse hoje das horas que passava brincando de ter uma “penca” de filhos; ou as orações a Deus pedindo que me concedesse o direito de ser mãe. Mas, naquele momento de sonho real tive medo, muito medo!!!

“E se errar mais do que acertar? E se for mais difícil do que brincar de boneca? Será que era hora? E meu doutorado? E a saúde do bebê? E...E... E...” Eram dúvidas, dúvidas e mais dúvidas.

Acho que todas as mulheres concordam comigo que leva um tempo para a ficha cair e sentirmos que vamos dar conta do recado. Esse “meu tempo para acostumar com a idéia” foi até bastante encurtado porque tive apoio e uma boa circunstância. Afinal, já estava casada, tinha toda a infra-estrutura que precisava, um emprego e era muito feliz. E justamente por isso, inevitavelmente, volta e meia era remetida para as sensações que devem ter minhas incontáveis alunas que engravidam precocemente ou mesmo minha mãe que soube de mim aos 16 anos. Se eu tinha dúvida de aos 29 anos estar preparada... imagina elas?!?! [vejam Juno, no cinema]

Então o sonho foi crescendo, mexendo lá dentro e se convertendo em realidade. Entre dietas especiais, bordados, consultas, ultras, vida normal de trabalho, sono (muito sono), roupas que iam ficando apertadas... ia me preparando para o “grande dia”...

9 meses depois, ficou apertado lá dentro, e finalmente pude dar o primeiro beijo naquela cabecinha lambuzada que acabara de sair de mim (click! nossa primeira foto – ele adora quando eu conto essa parte da história). Saíra do meu ventre para morar para sempre em meu peito.

Era concreto que a minha felicidade existia, estava em meus braços e que as preces tinham sido atendidas. Eu tinha meu filhote para amar incondicionalmente!!! Como um animal selvagem, agora tinha a missão de proteger a cria, mas ensinar a voar, nadar, correr e se virar sozinho. O mundo em breve o adotaria! E é isso que eu quero. Que cresça uma pessoa de bem e que saiba fazer parte de um mundo melhor (com sua própria contribuição, é claro).

Hoje ele é um rapazinho (como gosta de ser chamado) de 6 anos, 4 meses e 8 dias. Estamos nós dois, dia-a-dia aprendendo um com outro. Acho que nunca aprendi tanto!!!

Quando conto essa história para ele sinto que nossa conexão aumenta e que de alguma forma nos escolhemos mutuamente em algum ponto de alguma dimensão. Sabíamos das tempestades, mas tínhamos a certeza de lindos dias ensolarados e tranqüilizadoras noites enluaradas.

É por tudo isso que comemoro hoje mais do que o dia internacional da mulher, comemoro um grande acontecimento em minha vida de mulher, a realização de um sonho. Poder finalmente ser mãe é sentir na pele a capacidade de ser forte e de amar uma criatura que faz parte de você, que é sua responsabilidade, mas que precisa crescer. E se essa criaturinha é o Miguel... tudo fica muito mais mais legal!

“Meu amor, meu Miguel, meu anjo sempre tão lembrado, sua mãe (beijona e coruja) é feliz por ter você!!!!! TE AMO!!!!!”

domingo, 2 de março de 2008

Cenas de filme

Ela se prepara para seguir toda aquela distância para vê-lo.

Ele se prepara para recebê-la junto com toda aquela gente.

Eles são íntimos, muito íntimos e declaram amor dos mais legais um pelo outro.

Apesar de tudo são só amigos, muito amigos, mas só.

Ele é gay.

A espera dela está toda a família dele, além de agregados e vizinhos. Todos numa só torcida, quase novena, pela masculinidade dele.

A espera dela um banquete. Nunca vira tanta comida! Uma verdadeira orgia alimentar daquelas típicas do subúrbio, do qual estavam acostumados. Era evidente que festejavam a esperança. Celebravam a possibilidade da perpetuação daquela cultura de unirem-se todos a mesa.

Entre olhares atentos, trocas de cochichos e muita atenção dispensada ao suposto casal, as esperanças foram minguando. Menos a dela. Ela que sonhava com outro futuro que o coração materno queria ver, apenas para ganhar tempo.

Mas, isso é mera cena.

É preciso ver os bastidores do dia-a-dia. Porque será que ainda é tão difícil compreender que a vida do outro não está nas suas mãos? A quem é dado o direito de interferir, mesmo com o argumento de que é por preocupação, medo ou amor?

Não, não, mãe não é para isso! As mães (e pais) precisam estar do lado sim, para amparar os filhos, sejam eles gays ou não! E não para tentar oferecer a “cura para seu próprio bem”. Isso faz parte do preconceito que brota dentro da própria família. E esse é difícil de suportar e compreender. Amor de pais não era para ser incondicional?

Mas o tempo passa, a cena passa a ser corriqueira como uma repetida novela do “vale a pena ver de novo” e todos continuam com a TV ligada. Se acostumam e nunca mudam de canal. Porém ao deixarem de mudar o canal, deixam de enxergar que no outro há um capítulo inédito de uma outra história a ser desvendada e compreendida, e não uma história de “você decide” em que o final está em suas mãos, no seu controle não remoto.

Famílias, ao assistirem essa cena cada vez mais explícita e necessária, saibam como lidar com ela e não finjam que é outro filme. Ou que é possível reinventar a história, como aquelas que adaptamos às crianças para não chocá-las com a realidade da vida. É apenas uma história real. Viva a realidade das diferenças. Só assim seremos todos mais felizes!

Joyce Rocha