domingo, 3 de fevereiro de 2008

Ambigüidades

“Uma constante em minha vida são as ambigüidades” – concluí com meu analista na primeira sessão depois das férias de verão. O processo de escolha é igual a todos, creio eu, mas para mim em alguns momentos parece gritante demais, e a ambigüidade me atormenta.

Na atual situação que vivo, parece até que a Corimba ou os Deuses do Olimpo andaram metendo o bedelho. Me senti sendo testada. Para onde ir? Como agir ou reagir?

Foram as férias de verão mais marcantes e inesquecíveis dos meus 36 anos.

Fui do verão carioca ao verão gélido dos Glaciais da Patagônia, do biquíni ao cachecol, da simplicidade das terras do dedo de Deus, a obra do Divino esculpida no gelo de Upsala.

Vivi momentos em que era mulher moderna, forte, doce, sensual, independente e acima de tudo adulta. Já em outros me sentia a mais frágil das meninas, temendo o novo e sendo seduzida por ele.

Era gigante diante das geleiras e pequenina diante de um restaurante de luxo, ou um hotel 5 estrelas. Precisei ser firme e doce - uma corajosa aprendiz já com três décadas (quase 4) de vida. Como não lembrar da infância pobre?

Foi uma enorme mistura de avanços e retrocessos, passos largos ao futuro e uma constante retrospectiva. Tudo era novo, a língua, o ambiente, as pessoas, as situações, o status, a temperatura, o aroma, as cores... e lá estava eu, lembrando do primeiro dia de aula na escola primária e do medo de “declamar” o alfabeto em voz alta, que me rendeu punição e auto punição por anos. Loucura total!

Mas os embates e bifurações não pararam por ai. Me vi como nunca vivendo a Joyce mãe e a Joyce Mulher como momentos estanques e as vezes tudo junto. Por hora, lá estava eu domesticando o amor e fazendo de tudo, de novo, pela “harmonia do lar”. Parti da certeza de que a vida independente é mais saudável e possível, para a total abertura para uma nova maternidade. “Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor...”. Loucura total! (bis)

Hora o tempo parecia se esticar como fosse de borracha e hora voava como um torpedo. Senti aproximar-se dias de decisão.

No final ficaram as boas lembranças, no final fica o que se aprende, fica a saudade e a ansiedade pelo que ainda há de vir.

“O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e mundo espera de nós um pouco mais de paciência... a vida não pára...”

JoYce Rocha

4 comentários:

Anônimo disse...

Joyce, querida!!! Acabo de receber a divulgação do blog. E faço questão de comentar, mesmo sem saber _ ainda _ o que posso dizer, mas com certeza posso dizer muitas coisas. Fico com a impressão de que poderemos trocar muito por aqui (também). Adorei te ver ontem no Boitatá!!!! Beijos, flor!

Eliana Tavares disse...

Eu conheço bem essa ambiguidade. Isso me lembra uma conversa que já tivemos muitas vezes sobre a Joyce. Não cabe dizer aqui, precisamos nos falar!
Beijosssssssssssss

Unknown disse...

Joyce...é bonito demais!!!
Nunca estive num blog (eu acho!!), mas gostei da dinâmica, muito legal.
Concordo com Celso sobre a vida ser
ambígua. É uma espécie de mão dupla, onde se não tomar cuidado, vc salta de uma pista pra outra, mas continua na contra-mão.
Mega Beijos

O Mundo de Laura disse...

Mana, hj é minha primeira visita no seu Blog.. ainda n tive tempo d ler tudo, mas so a parte da foto do Miguelzinho ja emociona..
Amo vcs, Parabéns!!