sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Cerejas e garras vermelhas


Decidi parar para pensar no fato de ser mulher. Acho até que vou dizer o que tantas e tantos já disseram, mas vá lá...

Considero que já nascemos guerreiras. Vencer preconceitos e a “super proteção” de uma imagem social impecável começam muito cedo em nossas vidas. Temos que correr para chegar junto dos homens, lutar pela atenção deles, pela aceitação delas, pelo respeito de todos... ufa! Isso cansa!!!

Comecei pensando em generalizações e inevitavelmente me vi precisando falar mais de mim... depois de anos escondendo minha força, sob uma ameaça velada de impotência com a vida (que vem lá dos primeiros anos de adolescência), descobri que posso. Me sentia covarde por nunca ter conseguido gritar para afugentar o mal que me rondava diariamente. Ao me sentir fraca, todo meu esforço parecia pesar ainda mais sobre as minhas costas. Tudo parecia ainda mais difícil, afinal, não conseguia acreditar muito em mim. Lá estava a faca e eu nunca consegui usar para cortar.

Tudo bem que não fiquei parada esse tempo todo. Ascendi na vida por um esforço enorme em estudar, trabalhar e conhecer o mundo que estava ali do meu lado e eu sempre o desejei. Mas ao me colocar sempre em segundo plano me via sempre ao implorar aquela “forcinha” para superar dificuldades que hoje vejo que nem eram tão difíceis assim.

Mas, a maturidade chegou. A verdadeira força que eu tenho foi finalmente aflorada por circunstâncias assustadoras, ao menos inicialmente, e que hoje posso até agradecer. Me sinto forte!

Mais do que uma mulher doce, sensual e mais vaidosa, afiei minhas garras. As pinto da cor de cereja sim (endureci sem perder a ternura), mas faço questão de eriçar os pêlos nos momentos certos e mostrar que tenho tesão por aprender a me impor. Não posso e não vou mais fraquejar.

Não está sendo nada fácil, já que o mundo continua o mesmo e sou eu que tenho que mudar drasticamente, mas estou pronta. O tal grito preso na garganta, tem saído tímido, mas sai; as garras ainda arranham pouco e se quebram com facilidade, uso a lixa para lapidar a mim e assim cresço e apareço.

Um comentário:

Eliana Tavares disse...

Dá um medão amiga, vontade de pedir proteção... O problema é que nada é de graça; a proteção vem associada à repressão. A liberdade é maravilhosamente assustadora!!!
Beijossssssssssss