sábado, 4 de novembro de 2017

Bobagens embriagadas - série "Tórridas palavras"

Ah... já que ja disse bobagens embriagadas, agora escrevo em um sóbrio amanhecer ensolarado... nao sinto falta só do bom dia e do boa noite. Sinto falta de tudo! Sinto falta de tudo com vc!
Sinto falta dos tais tórridos momentos que nos marcaram desde o primeiro beijo de encaixe perfeito, e do enlace de corpos e passeio de mão alheia por minhas partes sedentas, naquela certa esquina, aos olhos curiosos e excitados dos acostumados taxistas das madrugadas quentes.
Sinto falta do seu gemido contido enquanto chupava vc e via o entregar das fronteiras de resistência naquela troca de prazeres sem palavras possíveis para descrever.
Sinto falta de tua língua em mim, sem pudores para me ter inteira.
Sinto falta de cavalgar tuas partes enquanto me olhava com sorriso nos lábios que deixavam escapar raras palavras.
Sinto falta das coisas que nos fizeram rir, das implicâncias e das bestices. Sinto falta dos papos políticos de grande aprendizagem. E até do mau humor sinto falta, pois era um desafio ao poder do meu carinho.
Sinto falta do fogo raivoso e cheio de afetividade que reacendeu minha tricolor paixão.
Sinto falta de te acompanhar num cigarro, num passivo ato de fumar tuas histórias, mesmo as repetidas.
Sinto falta de passar a mão em vc inteiro, acariciando tua felina pele que denunciava gozo epidérmico. Em especial, a pele da tua nuca e pescoço atraia minhas mãos e minha boca às caricias, pois sabia que dali sairíam as ordens de baixar as armas e me deixar entrar.
Sinto falta da embriaguez de dividir nosso álcool e nossos momentos. Vc sempre enchia meu copo e algo mais em mim. Desejava o pileque de ter vc em outros e mais goles. Bebia nós dois.
Sinto falta de me posicionar de quatro para que tivesse a certeza de ter-me a sua espera,  a invadir-me por completo até me banhar de vc em estado de êxtase líquida.
Sinto falta do teu rosto em fuga constante. O rosto que insiste em negar possibilidades de suavidade e calmaria, em pleno maremoto de viver. Afeita a arroubos de paixão,  te entendo. Marcada por dores de amor, compreendo-te. E por isso sinto falta... parecia que nossos rostos se reconheciam em seus mais íntimos medos, e por isso gostava de acariciar sua face, como se fosse a minha, num ato de acalmar meu/teu rosto e corpinteiro em fuga. Minhas mãos passavam em teu rosto pedindo um passo de cada vez para adentrarmos juntos num mar navegável, mas cheio de imagináveis monstros marinhos. Acreditava que seria possível vencê-los.
Entretanto, nada disso bastou. As sabotagens ganharam como tantas vezes tb as fiz ganhar das minhas forças. Entendo.
Nesse momento queria lutar, mas não sei nem por onde começar. Nem que armas ou estratégia usar. Entrego-me ao senhor do tempo, certa do risco de só restarem as faltas e as histórias de curta passagem de ventania de tangente amor.
Porém não pude deixar de escrever essas palavras que afligiam meu coração,  como um último suspiro de forças que se faz falho grito. Sentir sua inevitável falta inevitável fez-se vontade de despedir-me com esse palavrear besta (no nosso sentido único) e dizer que suas marcas de poeta estão e ficarão  em mim, até que o relógio e a bússola apontem outra solução.
Meu lindo e encantado poeta, até qualquer dia, numa outra esquina.

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