segunda-feira, 12 de abril de 2010

Brincando de casinha de novo?

Acho que as meninas que gostavam (gostam) de brincar de casinha vão me entender bem...
Lembra quando a gente era pequena e ficávamos horas e horas arrumando a casinha para brincar? Cada potinho, cadeirinha, roupinha na boneca, comidinha (falsa ou não) na mesinha posta, vasinhos com flores recém colhidas... tudo, tudo em seu devido lugar... ou quase!

Grita a mãe:
- Menina, hora de juntar os brinquedos, a brincadeira acabou!

A sensação era horrível!!! Como destruir tantos sonhos, desperdiçar tanto trabalho e energia??!!!?!!! Impossível isso não causar danos ao nosso imaginário, ao nosso querer mais! Como lidar com essa, ao menos aparente, perda?!?!

Pensávamos:
- Droga, logo agora que ia ficar bom?!!!!

O inevitável:
Faço como quem não escutou o grito? O que guardar primeiro? Como preservar meus planos, minha rica arquitetura de vida imaginária? Será que posso deixar um pouco montado para amanhã brincar mais e não ser tão difícil o recomeço? Não, nunca valia à pena... no dia seguinte nunca tinha a mesma graça!

É, mais uma metáfora...

Penso que carregamos essa mesma sensação durante e quando findamos (ou estamos prestes a) uma relação, mais precisamente um casamento. Como encarar que está na hora de “guardar os brinquedos”? Como controlar a vontade de “brincar mais”, mesmo quando assumimos que a brincadeira já nem estava mais tão divertida assim? Será que deveríamos ignorar o que diz “a mãe” e continuar brincando até que o brinquedo se quebre? Ou será que é melhor guardar mesmo e noutro despertar começar uma chance nova de “brincadeira de ser feliz”?
Sei lá, só sei que nenhuma dessas escolhas ou respostas é assim tão fácil. E cada um deve procurar o que está dentro de si e não esquecer de si na hora de responder. Acho também que talvez a brincadeira fosse mais fácil e fértil se os “brinquedos” falassem. Que o que é inanimado na relação sempre se manifestasse, facilitando “o tornar divertido” cotidianamente. Mas, esse querer que eles falem precisa ser construído, e nossos ouvidos e vozes treinados para dialogarem na mesma língua, caso contrario, pouco a pouco a brincadeira perde o encanto, e se partem dentro de nós todos os brinquedos postos cuidadosamente, um a um, na nossa pretensa eterna “brincadeira de casinha”.

Joyce Alves Rocha

4 comentários:

Marcia disse...

Muito legal o texto, Joyce !
Como sempre, inspiradíssima, e tenho certeza de que inspiradora para muitas mulheres...
Bjinhos,

Celso disse...

A diferença é que no casamento são duas pessoas brincando, arrumando a quatro mãos. As vezes um estraga a brincadeira do outro. Talvez se dividissem a brincadeira, e cada um arrumasse um pouquinho fosse mais divertido. Principalmente se ninguém de fora entrar na brincadeira. Bjs

Anônimo disse...

"...pricipalmente se ninguém de fora entrar e "estragar" a brincadeira!

Anônimo disse...

...alguém de fora chegou e estragou minha brincadeira, porém, a dor maior foi causada quando estragaram a brincadeira da minha filha :(
Mas o tempo e o amadurecimento faz com que possamos entender muitas coisas...Agora brinco em dupla com minha filhota, e nessa brincadeira gostosa a regra número um é RESPEITO !!!!! Beijocas e mais beijocas Vanusa